NOVA GERAÇÃO DE ENSINO PROFISSIONALIZANTE
Uma dona de casa que fez o curso de Auxiliar de Cozinha e mudou de vida.
Um empresário que tem aulas de Serralheria em Ferro para ampliar os
conhecimentos. Duas realidades distintas trilhando o mesmo caminho: o de aproveitar
a chance de estudo e de qualidade de ensino oferecida pelo Centro Vocacional
Tecnológico (CVT). O programa, que foi criado em 2007 e já soma cerca de 35 mil
formandos, conta atualmente com 34 Unidades em todo o Estado, 103 cursos
profissionalizantes e oito técnicos.
Um centro de ensino e de profissionalização da Fundação de Apoio à
Escola Técnica (Faetec), vinculada à Secretaria de Ciência e Tecnologia, com
acesso ao conhecimento científico e tecnológico Assim é o CVT. O objetivo é
tornar cada Unidade em uma espécie de treinamento que possa atender a vocação
econômica da região e do seu entorno. Para que isso aconteça, é feito um
estudo, denominado Arranjo Produtivo Local (APL), e que é realizado antes da
implantação de cada núcleo.
- O CVT qualifica principalmente para pequenas e médias economias para
que elas se consolidem, gerem mão de obra, serviços, recursos, e que façam a
economia daquela determinada região crescer e se fortalecer dentro do Estado. O
CVT é um agente do Governo para qualificar e requalificar profissionais para o
mercado – explica Antônio Reis, coordenador geral do programa.
Unidades modernas
Dono da empresa Aspa Reformas e
Manutenção, que presta serviços de construção e de segurança eletrônica, Sérgio
Ricardo Peixoto, 45 anos, já pensa em fazer um novo curso no CVT de Marechal
Hermes. Sérgio é um dos alunos mais assíduos, apesar de dividir seu tempo entre
a supervisão de quatro obras e as aulas.
- Quero me aperfeiçoar na profissão para poder cobrar dos meus
funcionários, e em algumas situações, eu mesmo fazer o trabalho. No ano que
vem, pretendo prestar vestibular para engenharia civil e me dedicar ao curso de
torneiro mecânico ou de serralheria de alumínio.
A Unidade de Marechal Hermes, coordenada por André Sobral, é uma das mais
modernas do Estado, e seus cursos são destinados à mão de obra na área de
automação industrial. Um dos seus principais equipamentos é a máquina de
prototipagem em três dimensões que produz protótipos em material
plástico.
- Não existe no país outra unidade de qualificação de ensino com um
conjunto de laboratórios (eletricidade industrial, pneumática, hidráulica e
robótica) igual ao que temos nas unidades de Marechal Hermes e Santa Cruz da
Serra – diz Antônio Reis.
Segundo Marcelo Mota, coordenador administrativo e professor de
tecnologia mecânica, a Unidade tem hoje aproximadamente 700 alunos, que dispõem
de dois laboratórios de informática, nove laboratórios práticos, seis salas de
aula, uma biblioteca e um auditório multimídia. Os cursos oferecidos em
Marechal Hermes são: Instalação e Manutenção de Sistema Hidráulico, Instalação
e Manutenção de Sistema Pneumático, Operador de Torno CNC, Operador de
Fresadora CNC, Eletricista Predial, Bombeiro Hidráulico, Eletricista Industrial
de Baixa Tensão, Serralheria em Ferro, Serralheria em Alumínio, Segurança em
Instalações e Serviços NR-10 e Informática Inicial.
Após concluir a quinta série, Conceição Teixeira da Silva, 37, fez o
curso de Auxiliar de Cozinha no CVT de Bangu em 2010, e não esperava sair da
sala de aula já com um emprego garantido. Há dois anos ela trabalha em um
restaurante em Padre Miguel. No início, ela era responsável apenas por elaborar
as saladas da casa, mas hoje ajuda a fazer todos os pratos do bufê.
- Depois de três meses de curso, me formei na primeira turma de Auxiliar
de Cozinha do CVT Bangu. Aprendi a manusear os equipamentos, a lidar com a
comida, a fazer cortes de carne. Sempre fui dona de casa, mas não tinha ideia
de nada disso. O melhor de tudo é que hoje posso ajudar no rendimento mensal da
minha família – afirmou Conceição, que é casada e tem três filhos.
Bronze na Feira de
Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado
Primeira a ser inaugurada, em outubro de 2007, a Unidade de Saracuruna,
em Duque de Caxias, ganhou uma sede nova em maio deste ano. Sua atual
infraestrutura dispõe de oito salas de aula e oito laboratórios, sendo três de
informática e cinco práticos. Os cursos oferecidos aos seus atuais 653 alunos
são: Operador de Injetora e Extrusora de Plástico, Reciclagem de Polímeros,
Assistente Administrativo, Operador de Telemarketing, Almoxarife, Informática
Inicial, Montagem e Manutenção de Computadores, Operador de Editoração
Eletrônica, Auxiliar em Administração de Redes, além de Inglês e
Espanhol.
Único CVT voltado para a área de Polímeros (plásticos), Saracuruna
ganhou no ano passado a medalha de bronze na Feira de Ciência, Tecnologia e
Inovação do Estado do Rio de Janeiro com um projeto de conscientização
ambiental. Suzana Ribeiro, 23, faz faculdade de química e liderou a equipe no
trabalho que continua rendendo frutos com pedidos de empresas e, inclusive,
para o Nova Iguaçu Futebol Clube.

- Fizemos um projeto, escrito pela coordenadora de estágio, Adriana
Bessa, para diminuirmos o uso de copos descartáveis. Entregamos para cada aluno
do CVT Saracuruna um squeeze e um copo. Depois de seis meses, esse material é
recolhido, reciclado, e todos recebem novos kits. Em quatro meses de trabalho
já não tínhamos mais copos descartáveis na Unidade. Agora, estamos recebendo
convites para apresentarmos o projeto em várias partes do estado. O grande
referencial do CVT é que temos todo o maquinário para a transformação dos
plásticos, além dos professores qualificados. Eu não tinha noção da qualidade
do curso. Saímos realmente formados para o mercado de trabalho.
As inscrições para os cursos nos CVTs
são gratuitas e podem ser feitas no site www.faetec.rj.gov.br. As vagas são
preenchidas por meio de sorteio público. Para evitar a evasão, foi implantado o
projeto Frequência Integral, no qual a Faetec paga o transporte dos alunos. Os
cursos profissionalizantes têm a duração entre 10 e 20 semanas, e os técnicos,
de um ano e meio.