Aos amigos do Blog. Segue texto sobre Ensino a Distância que acho muito relevante para amadurecer a escolha por um curso via computador. Um abraço a todos.
Ensino tem mais
vantagens que desvantagens, dizem especialistas
CAMILA MARQUES
da Folha Online
A educação a distância em instituições de ensino superior é uma prática nova no
Brasil. Segundo dados do MEC (Ministério da Educação), começou a se firmar em
1997, quando foram ofertados os primeiros cursos de pós-graduação. O
credenciamento oficial por parte do governo federal, incluindo-se aí o
surgimento das primeiras disciplinas de graduação, porém, se deu apenas entre
1999 e 2002.
Apesar disso, é intensa a discussão acerca das vantagens e desvantagens da EAD
(educação a distância). A verdade é que, mesmo apresentando algumas ressalvas,
os educadores destacam mais benefícios do que problemas na modalidade.
O pesquisador da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade de Campinas)
Sergio Ferreira do Amaral, 50 anos, que estuda a aplicação de novas tecnologias
no ensino, afirma não haver, "operacionalmente", empecilhos para
ensinar a distância. "A dificuldade geral, hoje, é manter o mesmo nível de
qualidade presente no ensino tradicional. Em termos geral, é tudo muito novo, e
fica difícil estabelecer parâmetros para comparar. Saber se quem aprende em
aulas não-presenciais sabe mais ou não", afirma Amaral.
Para Amaral, um "problema", que não pode ser visto propriamente como
desvantagem, é o alto custo da produção de material teórico. "A adaptação
do conteúdo didático para novas mídias é muito caro. Requer linguagem
específica, recursos visuais. Tudo isso é feito por pessoas especializadas que trabalham
em parceria com os professores. Mais uma vez, a mão-de-obra é mais cara. Além
disso, hoje é imprescindível o uso do computador", afirma o pesquisador.
Porém, como destaca também o presidente da Abed (Associação Brasileira de
Educação a Distância), Frederic Michael Litto, esse custo passa a ser vantajoso
quando o universo beneficiado é grande. "Se o material for utilizado por
mil pessoas por ano, por exemplo, já se pagou o investimento".
Segundo Litto, a única outra desvantagem que ele percebe na EAD é a falta de
uma biblioteca. "O aluno não tem um milhão de exemplares para
consultar", diz. Mesmo assim, esse obstáculo pode ser vencido quando o
aluno tem disposição. "Apesar do horário apertado --ou ele não teria
escolhido um curso a distância--, existe a opção de visitar bibliotecas",
diz.
Vantagens
Na outra ponta, a das vantagens, existe consenso pleno entre o professor da
Unicamp, o presidente da Abed e outros participantes do setor: a EAD permite
atender a um público muito maior e mais variado que os cursos tradicionais.
Público esse, aliás, que não teria como voltar ou continuar a estudar sem a
EAD.
" [A educação a distância] atende a pessoas ocupadas, sem disponibilidade
de horários e otimiza o tempo livre", cita Litto. "Alguém com alguma
deficiência física grave ou alguma paralisia, que não pode sair de casa, ganha
a oportunidade de estudar", completa. "Ela [EAD] pode ser considerada
uma ferramenta de inclusão social", declara por sua vez Amaral, da
Unicamp.
Interação
A falta de troca de experiências entre professor e aluno e de convivência
humana são citadas como desvantagens da educação a distância por quem ouve
falar no assunto pela primeira vez. Mas há quem vê nessa falta de contato algo
nem tão grave assim.
"Havia perdas no começo, mas com o largo uso da internet isso desapareceu.
Não que o contato humano para um jovem em desenvolvimento não seja importante.
Mas na EAD essa falta [de contato] não pode ser vista como um item que torna o
ensino menos efetivo ou pior", afirma o professor da Unicamp Sergio
Amaral.
Na opinião do presidente da Abed, Frederic Litto, a internet preencheu a
lacuna. "A sociabilização existe sim. Há os chats (salas de bate-papo), as
videoconferências. Os alunos não são apenas nomes na tela, têm rostos com o uso
da webcam", afirma ele. "Muitas vezes, existe até maior liberdade
para levantar dúvidas, porque a inibição de falar na frente de uma classe
inteira é descartada", continua.
"É uma questão de cultura adotar a educação a distância", declara
Amaral. "Assim como não é hábito usar a televisão para educar crianças.
Falta capacitar os professores para usar a tecnologia e adequá-la, seja com a
TV seja com a internet", afirma.